Uma data para destacar essa categoria profissional que trabalha cotidianamente em defesa dos direitos sociais e pela melhoria das condições de vida da população brasileira.
Em uma conjuntura de aprofundamento da desigualdade social, em que direitos sociais estão sendo ameaçados e retirados por meio de uma orientação neoliberal para as políticas públicas, como cortes na educação e a proposta de ‘reforma’ da Previdência, o Conjunto CFESS-CRESS celebra o 15 de maio reafirmando o compromisso da categoria na defesa dos direitos sociais e denunciando: Se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro.
O mote criativo desse ano, enxuto e direto, aponta que são mulheres pobres e negras as que mais sofrem com a regressão de direitos e dialoga diretamente com a campanha de gestão (2017-2020), Assistentes Sociais no Combate ao Racismo, reafirmando o compromisso da categoria .
Segundo informações de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade da população brasileira (54%) é de pessoas pretas ou pardas, sendo que, a cada dez pessoas, três são mulheres negras. Quase 80% da população brasileira que depende do Sistema Único de Saúde (SUS) se autodeclara negra, conforme dados do Ministério da Saúde (2016). De acordo com o Ministério da Cidadania (2015), das 13,8 milhões de famílias atendidas pelo programa Bolsa Família, 73% se autodeclaram pretas ou pardas. As mulheres negras também são as mais vitimadas pela violência doméstica: 58,68%, de acordo com informações do Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher (2016). Elas também são mais atingidas pela violência obstétrica (65,4%) e pela mortalidade materna (53,6%), de acordo com dados do Ministério da Saúde e da Fiocruz (2017).
A peça alusiva ao 15 de maio, portanto, destaca essa realidade, além de valorizar e defender o trabalho da categoria, cada vez mais desafiada frente à precarização das políticas sociais.
“A gente enfrenta o racismo é no cotidiano, com nossas ações e debates coletivos, com nossa articulação com movimentos sociais, usuários/as, equipes interdisciplinares, sindicatos e organizações que defendem os direitos da classe trabalhadora, com nossos questionamentos e reflexões críticas sobre o fazer profissional”, afirma a presidente do CFESS, Josiane Soares.
Segundo ela, ao trazer essa temática e fazer o recorte de classe e cor, o Conjunto CFESS-CRESS dá visibilidade às mulheres pobres e negras, desconstruindo o mito da “democracia racial” que, por vezes, ainda é reproduzido em parte do interior da categoria, como pode ser visto por meio de alguns comentários nas redes sociais.
Para a assistente social e coordenadora da Ong Criola, Lúcia Xavier, a primeira tarefa de cada assistente social é reconhecer que existe racismo no Brasil. A partir daí, entender como este racismo atinge a população usuária, para dar as respostas necessárias às questões trazidas em cada atendimento. “É importante lembrar que as dinâmicas do racismo atingem também nossa categoria profissional e, muitas vezes, impedem que assistentes sociais assumam cargos superiores e sejam discriminadas. Por isso, é fundamental que a categoria abrace essa temática”, enfatiza Xavier.
“É preciso reconhecer o racismo institucional como uma ideologia silenciosa e especializada em disfarçar, burocraticamente, quem são os alvos preferenciais dos cortes de direitos sociais. Nossa categoria profissional não está disposta nem deve ser parte dos/as agentes que dão vida ao racismo institucional em nossos locais de trabalho. Por isso, nesse 15 de maio, vamos reafirmar nosso trabalho e nosso compromisso com a classe trabalhadora”, finaliza a presidente do CFESS.
Materiais para divulgação
É fundamental que a categoria compartilhe o material alusivo ao 15 de maio, ampliando a divulgação da data!
Escute o spot e conheça as peças de divulgação
Assista ao vídeo da campanha: