O dia 21/01 Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa faz parte do calendário de lutas do Conjunto CFESS-CRESS e as assistentes sociais Janine Oliveira e Jacqueline Araújo, membras da Comissão de Direitos Humanos do CRESS Paraíba nos ajudam a refletir sobre esta importante luta:
Historicamente no Brasil, aquilo que não está ligado à cultura hegemônica, dominante e colonizadora é demonizado, invisibilizado e menosprezado. Sobretudo, signos e expressões da identidade cultural da população negra, cigana e dos povos originários dessa terra. Dentre outras expressões do preconceito étnico-racial, as vivências religiosas que não atendam aos dogmas da religião dominante são as mais atacadas, materializando assim a Intolerância Religiosa.
Embora a Constituição Federal decrete que nosso país se configura como Estado Democrático de Direito e LAICO, não é alheio ao nosso cotidiano, que a intolerância religiosa exteriorizada pelo fundamentalismo religioso e o racismo recreativo reforçam a violência estrutural do modelo de sociabilidade em que vivemos, e alcançam um grau de violência para além dos discursos de ódio. Isto posto, sabe-se que pessoas das religiões de matriz africana ou afro-brasileiras são majoritariamente vitimadas por ataques físicos e institucionais, a exemplo dos ataques sistemáticos a terreiros e/ou símbolos religiosos, como a estátua de Iemanjá localizada na praia do Seixas, na capital do Estado paraibano, qual teve sua cabeça e mãos decepadas.
Isso expressa “simbolicamente” o que se deve fazer com corpos daqueles/as que professam a fé vinculada, acima de tudo aos corpos pretos, e de maneira mais proeminente as mulheres pretas.
Devemos pontuar também, um crescente ataque no país, por parte do setor fundamentalista ligado ao cristianismo protestante às imagens sagradas da doutrina cristã católica, em foco a imagem de Maria, conhecida como mãe de Jesus. Estes ataques também revelam que a engrenagem do patriarcado atinge as mulheres e suas representações nas mais diversas camadas sociais, desvelando a violência de gênero histórica e estrutural na sociedade brasileira.
É nosso compromisso ético-político compor esta luta!