8 de março é uma data que tem raízes históricas profundas e surge de um passado de lutas pela igualdade de gênero, em todo o mundo. A origem da data escolhida para celebrar as mulheres é relacionada ao incêndio ocorrido em Nova York, em março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens.
O Dia Internacional da Mulher ainda é lembrado como uma data de resistência e lutas por igualdade, respeito e proteção. Os números de feminicídio e de violência contra a mulher são alarmantes e não param de crescer, mesmo com a vigência da Lei Maria da Penha e da Lei da Importunação Sexual. Ainda existem muitos avanços a serem conquistados, e faz-se necessária uma articulação, cada vez maior, entre civis e entidades que fortaleçam as garantias de direitos das mulheres, especialmente diante o atual governo.
Estatísticas mostram avanço, mas ainda preocupam
As estatísticas de feminicídio de violência contra a mulher diminuíram, em relação a anos anteriores, mas ainda são alarmantes. De acordo com levantamento feito pelo Monitor da Violência – divulgado neste 8 de março -, apesar da redução de 6,7% no número de homicídios femininos entre 2017 e 2018 – que passou de 4.558 para 4.254 vítimas -, o percentual foi menor que a redução de mortes violentas em todo o Brasil, que foi de 13%.
Ainda permanecemos o país que mais mata mulheres no mundo: um estudo divulgado em novembro de 2018 pelo UNODC (Escritório das Nações Unidas para Crime e Drogas) mostra que a taxa de homicídios femininos global foi de 2,3 mortes para cada 100 mil mulheres em 2017. No Brasil, segundo os dados divulgados hoje relativos a 2018, a taxa é de 4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil mulheres, ou seja, 74% superior à média mundial. (Fonte: G1)
Desigualdade de gênero
O Fórum Econômico Mundial divulgou relatório sobre índices de igualdade de gênero em todo o mundo. A região América Latina e Caribe avançou 0,6% em direção à igualdade em 2017, mais do que a média mundial. Na América do Sul, Bolívia, Argentina e Colômbia são os mais bem colocados. O Brasil aparece entre os quatro últimos países da região (e em 95º lugar no mundo), acima de Paraguai, Guatemala e Belize.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) fez um levantamento dos índices de acesso à educação superior nos últimos dez anos. Em 2016, o índice brasileiro tinha subido para 59% (ainda uma estimativa), o mexicano chegou a 39% e o Peru, foi de 35% a 74% de mulheres no ensino superior.
Segundo o Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), entre 2008 e 2016, mais mulheres se tornaram chefes de família nos países latinos, mas dados sobre a presença de mulheres a frente de conselhos e diretorias ainda são muito escassos e difíceis de contabilizar. Um levantamento da consultoria internacional MSCI mostra que, em ao menos seis dos maiores países do continente – Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México e Peru -, a presença de mulheres nesses cargos caiu entre 2015 e 2018.
Na política, a representação feminina ainda é bastante tímida. Entre 2008 e 2018, o Brasil aumentou de 9% para 15% no número de participação das mulheres em órgãos legislativos. As cotas de mulheres nos partidos políticos fazem parte desse crescimento, mas não são efetivas. Um exemplo disso é o surgimento de “candidatas laranjas”, como acontece no recente escândalo do PSL, partido do atual presidente eleito.
Mulheres vão às ruas para enfrentar conjuntura devastadora
O 8 de Março de 2019 será marcado por marchas e atos por todo o país, pautados por movimentos feministas e de mulheres, no conjunto de sua diversidade. O atual governo é uma das pautas de reivindicações, pois, com sua eleição, trouxe aliados e propostas que garantem retrocessos nos direitos de todos os cidadãos e também das mulheres, especialmente no que tange seu discurso machista e homofóbico, que marcou toda sua vida política.
A contrarreforma da Previdência, o aumento da militarização, a criminalização dos movimentos sociais, a terceirização dos recursos naturais que afeta a soberania nacional são alguns dos pontos pautados por movimentos e pela Marcha Mundial das Mulheres. As manifestações também vão protestar contra o machismo, a violência de gênero, a desigualdade, o racismo e o preconceito contra pessoas LGBTs.
O assassinato de Marielle Franco (PSOL-RJ), que completará um ano nos próximos dias e permanece sem solução, também é parte da luta das mulheres que vão às ruas. O suposto envolvimento de pessoas ligadas ao governo reacendem as revoltas sobre o caso, que, por si, já é um crime contra a mulher de grande repercussão internacional.
O lugar dela é onde ela quiser
Diante de tudo isso, há ainda as declarações de ministros e parlamentares que reforçam o machismo e a desigualdade de gênero que assola o país há séculos. O presidente nacional do PSL – do qual o atual presidente é filiado -, Luciano Bivar, declarou publicamente ser contra a regra de que 30% dos candidatos de um partido devem ser do sexo feminino. “[A política] não é muito da mulher. Eu não sou psicólogo, não. Mas eu sei isso”, disse. (Fonte: Folha de São Paulo)
Atual Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Alves tem um histórico de declarações misóginas e que confrontam diretamente a luta das mulheres por mais respeito e igualdade. Segundo ela, lugar de mulher é em casa, elas nasceram para serem mães, além de uma de suas falas mais famosas “meninas vestem rosa, meninos vestem azul”.
As manifestações que ocorrerão em todo o país nesta data tão importante devem combater esses ideais de que a mulher tem lugar certo para ocupar. A mulher deve ocupar todos os espaços públicos e privados que tiverem vontade e direito. O acesso à educação, à saúde, ao trabalho e a melhores condições de vida, como previdência social, aposentadoria, licença-maternidade etc, são direitos essenciais à vida humana e a todas as mulheres.
Ato do 8 de março JP: Mulheres vivas, livres e por direitos!
Hoje, a partir das 14h, haverá um ato em defesa da vida, das liberdades e direitos das mulheres, em João Pessoa, na Praça Pedro Américo. O CRESS/PB apoia esse movimento e convida todas e todos a participarem desse movimento tão importante e necessário em tempos como estes.
Informe-se no evento Ato do 8 de março JP: Mulheres vivas, livres e por direitos!, confirme sua presença e compartilhe com todas/os e vamos à luta!
O ato também acontece em Campina Grande, na Praça da Bandeira, às 15h.
Mariana Costa – JP/PB 3569
Assessoria de Comunicação
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