O Dia do(a) Assistente Social é uma data comemorada com muito orgulho por toda a categoria. Este ano, o tema do Conjunto CFESS-CRESS é “Trabalhamos em vários espaços, sempre com a população. Serviço Social: conheça e valorize essa profissão”, aprovado 2019, no 48º Encontro Nacional CFESS-CRESS (Belém/PA).

O eixo aprovado que pautou a criação do material para este ano foi a “valorização do Serviço Social no contexto de ataque às liberdades democráticas e aos direitos, com ênfase na dimensão pedagógica do trabalho profissional na organização popular e na luta antirracista”.

O tema não poderia ser mais atual, visto que, este ano, estamos diante da atual conjuntura de pandemia do novo coronavírus em quase todo o mundo. De acordo com dados da Secretaria de Saúde da Paraíba, o estado tem 3045 casos de COVID-19 confirmados e 157 óbitos (dados atualizados em 12/05/2020 às 17:48), o que demonstra que a população está em risco e precisa de auxílio de diversas categorias profissionais, entre outras necessidades, tais como segurança, alimentação, empregabilidade etc. Portanto, a atuação profissional do(a) assistente social é fundamental, nesse momento, para que a população tenha acesso aos serviços de
saúde, assistência e previdência social, além de benefícios eventuais que serão essenciais para a manutenção da
vida das pessoas.

Neste 15 de maio, o CRESS/PB vem prestar homenagem a todas(os) as(os) profissionais que estão na linha de frente do combate ao COVID-19, além de destacar e fortalecer a categoria de assistentes sociais, em um momento que a população mais precisa de nossos serviços. É preciso lutar, resistir e se mobilizar para que haja a garantia de acesso a políticas públicas por parte dos(as) usuários(as), de direitos e de exercício legal da categoria.

Profissionais da Paraíba enfrentam  desafios da profissão, em meio à pandemia

Devido à necessidade de se manter o isolamento social, muitas instituições aderiram ao regime de trabalho remoto (home office), para dar continuidade às demandas profissionais, mesmo no período de quarentena. Apesar disso, muitas(os) profissionais necessitam se deslocar até o local de trabalho, além daquelas(es) que atuam na política de saúde, que lidam diretamente com a população com suspeita ou acometidas pelo novo coronavírus.

O CRESS/PB conversou com algumas(ns) profissionais, que compartilharam um pouco da sua experiência e da atual conjuntura do Serviço Social, em meio à pandemia.

Rejane Miranda Santos, profissional da Política de Assistência Social

“Os principais desafios têm sido atender de forma satisfatória os usuários da política de Assistência Social, tendo em vista a necessidade do distanciamento, e , embora, tenha-se implantado estratégias como o atendimento remoto, uma parte dos nossos usuários não tem acesso. Tem também a questão das atividades de grupo, sem possibilidade de realização,  causando uma descontinuidade no trabalho realizado.  Nesse contexto, o grande desafio tem sido o acompanhamento das famílias e indivíduos da Assistência Social durante este período. Outro desafio tem sido a manutenção dos serviços e programas, pois temos um corte orçamentário terrível. Então, embora a Assistência Social esteja também na linha de frente,  os cortes de recurso para os serviços, não mostram essa importância, ao contrário, a depender  de cada gestor municipal, tendo em vista que poucos identificam a importância dessa política, os serviços ficarão de fato fechados, sem atendimento a população.”

Rejane Miranda Santos – assistente social na Secretaria Municipal de Assistência Social – Picuí/PB

Geane Laise de Sousa Garcia, profissional atuante na Política de Assistência Social

“O Serviço Social e o trabalho de nós, assistentes sociais, sempre me revelou um cenário de lutas e me fez (e faz) repensar e reconhecer diariamente a importância de nossa atuação. Todo esse contexto atual que estamos vivenciando reforça ainda mais a necessidade de exercemos com ética e  maestria a nossa profissão. (…) Mudei radicalmente minha rotina, enquanto alguns pausaram o dia a dia ou estão com demandas de trabalho reduzidas, flexibilizadas, eu e outras(os) colegas de trabalho estamos trabalhando de forma bem mais intensa,tendo em vista nosso papel na concessão de benefícios eventuais, quem vem sendo solicitados de forma crescente, mediante o cenário de pandemia do COVID-19 e seus impactos no âmbito econômico e social. (…) Uma das principais dificuldades que estamos enfrentando parte do olhar desatento do governo federal para a pandemia e os reflexos que ela instala, bem como o desmonte que a política de assistência social vem sofrendo em todos os seus aspectos. Um outro obstáculo que identifico é a fragilidade no atendimento remoto em situações particulares. Diante da suspensão de visitas domiciliares e realização destas apenas em caráter excepcional, sinto alguns impasses nos atendimentos via celular.”

Geane Laise de Sousa Garcia – assistente social na  Secretaria de Assistência Social do município de Pombal/PB.

Raquel Araújo de Oliveira, profissional atuante na Política de Saúde

“A rotina mudou bastante. Precisamos usar EPI que antes não fazia parte do nosso cotidiano. O fluxo das demandas para maiores intervenções intersetoriais é constante devido grande aumento da vulnerabilidade social, como também, o constante contato dos hospitais com processo de Des-Hospitalização e encaminhamentos dos serviços da rede de saúde para a Atenção Básica. É notório o abalo psicológico da população assistida e da equipe. (…)  Avalio [o trabalho do(a) assistente social] de extrema importância para que o usuário seja atendido de forma ampliada, como também a equipe de saúde que tem o Assistente Social como referência para diversas inteconsultas, no nosso cotidiano de enfrentamento a pandemia principalmente no elo com as famílias, rede de serviços .

– Raquel Araújo de Oliveira – assistente social no Núcleo Ampliado de Saúde da Família – Atenção Primária (NASF-AP), em João Pessoa/PB.

Sérgio Cordeiro, Gestor da Assistência Social em São José dos Cordeiros/PB.

“O que é possível observar, diante da atual conjuntura no que se refere ao grave problema de saúde pública que afeta o mundo, considerando a atuação do assistente social, nos seus mais variados espaços sócio ocupacionais e pela diversidade das demandas apresentadas aponta-se que as decisões do Governo Federal sem sombra de dúvidas impacta diretamente na contenção ou proliferação do vírus (…). A demora na tomada de decisões, os entraves e letargia no atendimento aos mais vulneráveis, a liberação de recursos e por vezes cortes para a manutenção das políticas sociais, tudo isso dificulta o atendimento e o enfrentamento a pandemia. (…) Logo, tudo isso impacta na nossa atuação, pois se faz necessário no atual momento fortalecer as instituições, os serviços, os programas, os projetos, a rede de proteção, porque só assim teremos condições de proteger os mais vulneráveis, isolar e tratar os que contraírem o vírus.”

Sérgio Cordeiro de Sousa – Gestor da Assistência Social – São José dos Cordeiros/PB.

Aldeci Ramos, assistente social no CREAS e no CRAS de São José dos Cordeiros/PB.

“A partir da publicação do decreto municipal e estadual, que determinou temporariamente as visitas presenciais e ao mesmo tempo orientou a modalidade home office, passamos por uma mudança drástica na nossa rotina, tivemos que nos adaptar de modo a atender as demandas e a nos proteger, tivemos também o afastamento de membros da equipe que apresentassem o perfil de grupo de risco, isso fez com que estivéssemos mais próximos, mais aguerridos em traçamos estratégias que oportunizasse as devolutivas ao nosso público, está sendo um momento de muito fortalecimento da equipe. É uma situação atípica, com a qual nunca nos deparamos, tivemos que nos adaptarmos e encaramos o desconhecido sem um tempo prévio para uma preparação, então as decisões são sempre tomadas em conjunto, mediante exaustivas reuniões remotas, nosso cotidiano sofreu uma grande reviravolta, trouxemos o nosso trabalho para dentro das nossas casas e precisamos manter um equilíbrio de modo a não atingir de forma negativa a nossa vivência familiar. (…) Uma das maiores dificuldades apresentadas é o fato de não estarmos chegando aos mais necessitados, uma parte do nosso público não dispõe de acesso aos recursos tecnológicos que facilitam o diálogo e o repasse de informações e orientações. Temos um grande número de usuários que residem em áreas extremamente remotas da zona rural, e justamente a esses que de acordo com a nossa vivência, são os que mais precisam, são exatamente os que são mais difíceis de chegarmos. (…) 

Sendo o assistente social o profissional apto a trabalhar com indivíduos em situação de extrema vulnerabilidade, este setor se torna essencial no tocante a luta pela manutenção e obtenção de direitos. Estamos com o país em situação de calamidade pública que tem como gestor um agente político cujo maior objetivo é o desmonte das políticas públicas. É um contexto complexo que exige da categoria discernimento, e principalmente muito empenho em não permitir que os direitos, tão duramente conquistados pelos trabalhadores sejam enfraquecidos. Nesse contexto além de profissionais, somos agentes executores e principalmente, fiscalizadores, para que tais fatos não se tornem naturalizados frente ao atual cenário nacional, de modo que os nossos usuários tenham conhecimento de como ter acesso a todos os canais possíveis, de informação, de busca pela obtenção dos direitos.”

Aldeci Ramos – assistente social no CREAS e no CRAS, em São José dos Cordeiros/PB.

Atuação do Serviço Social no atual contexto de pandemia

Desde o decreto do estado de calamidade pública, o país inteiro precisou readaptar as formas de comunicação, comércio e atendimento à população usuária de serviços essenciais. O Serviço Social, enquanto setor essencial para a sociedade, precisa seguir normativas e ter condições éticas e técnicas para a atuação do(a) assistente social, nos diversos espaços. Por isso, o CRESS/PB e o Conjunto CFESS-CRESS está sempre avaliando, fiscalizando e orientando a categoria, neste momento de extrema importância para o povo brasileiro.

Confira alguns documentos essenciais para a atuação do(a) profissional, em tempos de pandemia:

CFESS Manisfesta: Os impactos do Coronavírus no trabalho do/a assistente social

Nota CRESS/PB: Orientação sobre o COVID-19

Nota Técnica CRESS/PB:”Serviço Social e Educação: considerações sobre o trabalho profissional no contexto da COVID-19“.

Nota CRESS/PB sobre Lei Estadual nº 11.685/2020.

Orientação Normativa n.º 04/2020 sobre sigilo profissional e participação do(a) assistente social como testemunha e/ou perito

CFESS envia ofício acerca do exercício profissional de assistentes sociais no contexto da pandemia e trabalho remoto

CFESS divulga orientações para a categoria sobre a Portaria MS nº 639/2020

NOTA CRESS/PB – Sobre a Cartilha “Manejo de Corpos no Contexto do Novo Coronavírus COVID-19”, do Ministério da Saúde e outros

 

Mariana Costa – JP/PB 3569

Assessoria de Comunicação

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