No dia 15 de maio, às 18h, aconteceu o evento alusivo ao Dia do/a Assistente Social e a posse da nova gestão do Cress/PB, em João Pessoa. A mesa com o tema “Na luta de classes não há empate – Profissionais em defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais”, contou com a participação de representantes do Movimento Sem Terra (MST), Marcha das Mulheres, Movimento LGBT e Cress/PB.

A solenidade teve início com a posse da nova gestão “Avançar Sem Temer”, eleita no mês de março para gerir o Cress/PB no triênio 2017-2020. A presidenta e o vice-presidente da gestão anterior, Mauricélia Cordeira e Flávio Nery, fizeram a leitura da ata de posse, apresentando as/os componentes da nova gestão, seguido da assinatura da ata pela nova presidenta, Kassandra Menezes, e a vice, Luciana Cantalice.

Leitura da ata de posse pela agora ex-presidenta, Mauricélia Cordeira.
Leitura da ata de posse pela agora ex-presidenta, Mauricélia Cordeira.

Representantes da nova gestão do Cress/PB, "Avançar Sem Temer".
Representantes da nova gestão do Cress/PB, “Avançar Sem Temer”.

Nova presidenta do Cress/PB, Kassandra Menezes, assina a ata de posse.
Nova presidenta do Cress/PB, Kassandra Menezes, assina a ata de posse.

Nova vice-presidenta do Cress/PB, Luciana Cantalice, assina a ata de posse.
Nova vice-presidenta do Cress/PB, Luciana Cantalice, assina a ata de posse.

Após a solenidade de posse da nova gestão do Cress/PB, teve início a mesa-redonda, com a participação de Lucas Spin (MST), Heloísa de Sousa (Marcha das Mulheres), Fernando Luiz Araújo da Costa (MEL) e Kassandra Menezes (Cress/PB), e a facilitadora Jéssica Juliana (Cress/PB).

Público participando do evento, no auditório do IFPB.
Público participando do evento, no auditório do IFPB.

Composição da mesa, com o tema "Na luta de classes não há empate - Profissionais em defesa das liberdades democráticas e direitos sociais".
Composição da mesa, com o tema “Na luta de classes não há empate – Profissionais em defesa das liberdades democráticas e direitos sociais”. Da esquerda para a direita: Fernando Luiz, Heloísa de Sousa, Kassandra Menezes, Jéssica Juliana e Lucas Spin.

Lucas Spin, representante do MST, aproveitou sua fala para fazer um resumo histórico do Movimento Sem Terra no Brasil, que teve início na década de 80, e destacou os ataques sofridos pelo MST ao longo da história e no governo atual.

Lucas Spin, representante do Movimento Sem terra (MST).
Lucas Spin, representante do Movimento Sem terra (MST).

“Nessa conjuntura, é necessário a formação da consciência política do povo, da mobilização de massas, pois não adianta colocar 300 pessoas na rua, precisamos de milhões de pessoas. (…) É necessário um pensamento estratégico, a gente tem que passar do calendário eleitoral e pensar nos próximos 10, 20 anos. O MST está sendo atacado diretamente nesse momento pelo governo Temer. Temos 18 militantes presos no país e vários sujeitos a processo jurídico por ocupação de terra. Alguns ataques que estão sendo feitos aos camponeses: a Reforma Trabalhista no Meio Rural; a Reforma da Previdência, que vai destruir a economia do interior do país; a aprovação da Nova Lei Agrária, que irá mudar a ordem de prioridade dos assentamentos rurais; e, por fim, a liberação de terra para estrangeiros, sem nenhuma restrição. (…) Esse é o país que estamos tendo que lidar. Se a gente quer lutar, a gente tem que fazer a cidade pegar fogo.” – Lucas Spin (MST)

Fernando Luiz, representante do Movimento Espírito Lilás (MEL) e professor de História, fez um discurso acalorado, sobre a retirada de direitos sofrida após o Governo Temer. Os ataques aos direitos da comunidade LGBT e a necessidade de conscientizar a nova geração a ir às ruas em busca desses direitos foram destaque na fala do professor.

IMG_0404 (800x600)
Fernando Luiz, representando MEL, em João Pessoa.

“Eu não posso deixar de falar da retirada de direitos da comunidade LGBT como um todo. (…) A gente vai vendo que, a cada amanhecer, acontece uma tragédia na retirada de direitos. Na Paraíba, por exemplo, a tentativa de voltar com a famigerada Lei da Escola Sem Partido, que vem diretamente contra a população LGBT, e a gente, enquanto ativista social, ligado às políticas públicas, não podemos deixar essa lei passar na nossa cara, e a gente em casa assistindo. Estamos assistindo também, bestializados, a retirada dos termos ‘gênero’, ‘sexualidade’ e ‘homofobia’ da Base Nacional Comum Curricular. É preciso unir a esquerda, unir nossas forças, botar a cara no sol. Estávamos bem acostumados com direitos, com diálogos. (…) Eu achava que a Lei da Escola Sem Partido só iria me atingir, enquanto professor e gay. E a companheira Sandra Marrocos me atentou para o fato de que, quando cala o professor, quem não aprende é o aluno. É essa sociedade que esse ‘desgoverno’ (sic) quer: que não pense, que não critique, que não reflita e que não bata lata na rua. Esse é o nosso dever, enquanto construtores desse país: fazer com que essa geração venha atrás da gente. E amanhã, quando a gente não estiver mais na rua? Quando a gente for apenas saudade? Quando nosso nome estiver apenas na lápide? Precisamos conversar e desconstruir esses preconceitos agora, porque amanhã pode ser tarde demais.” – Fernando Luiz (MEL)

Heloísa de Sousa, representante da Marcha das Mulheres, seguiu o debate chamando a população para lutar contra a retirada de direitos, a partir da organização das várias entidades e movimentos sociais.

Heloísa de Sousa, representante da Marcha das Mulheres.

“Com o impeachment de Dilma, enquanto movimento feminista, nós já observávamos que havia uma degradação da mulher. Havia sinais claros de que tentavam desmerecer o trabalho dessa mulher que foi eleita com milhões de votos. Ela não está separada das questões de classe, de etnia e das questões LGBT. Havia, junto da população, um pensamento machista para deslegitimar a sua política e o seu enfrentamento. Para nós, o golpe, quando ele se consolidou, entrou em xeque toda a nossas garantias que estavam na Constituição Federal, os avanços que demos na luta estão sendo ameaçados. E isso é real. Agora, com as Reformas Trabalhistas, da Previdência e de Terceirização, vemos claramente que o golpe veio tirar do povo tudo o que a gente conquistou. (…) Nós, enquanto  movimento feminista,  estamos nos organizando na Frente Brasil Popular. O lugar do povo é nas ruas. Esse é o momento que o governo precisa ouvir nossas reivindicações. E vamos dizer ‘Fora Temer’, mas isso significa fora todo esse avanço neoliberal, nenhum direito a menos, vamos a uma segunda Greve Geral, se for possível, e as mulheres estão no front.” – Heloísa de Sousa (Marcha das Mulheres)

Kassandra Menezes, assistente  social e nova presidenta do Cress/PB, também participou da mesa. Com um forte chamamento à sociedade e categoria do Serviço Social à luta e à resistência, ela encerrou o debate, falando sobre o desmonte do Estado democrático e os ataques aos direitos sociais.

Kassandra Menezes, presidenta do Cress/PB.
Kassandra Menezes, presidenta do Cress/PB.

“E no curso histórico das lutas de classes, nas suas idas e vindas, avanços e recuos, o movimento atual exige fôlego e rearticulação, para que, coletivamente, possamos rever as perdas e recursos, e demonstrar toda a força. Em tempos de recentralização e primeiro-damismo na assistência social, proposta de morte da Previdência, pela reforma que se apresenta como alternativa, pela já efetuada reconfiguração dessa política, e pela destruição do seu Ministério próprio, somadas  ao congelamento dos gastos na Saúde e Educação, anuncia-se e instaura-se tempos ainda mais sombrios, desmonte da Seguridade Social e prevalência dos interesses de mercado em detrimento das necessidades humanas. Se as ameaças impostas nos mostram as artimanhas e atrocidades do capitalismo, o grito ecoado nas ruas, a força da luta de milhares de trabalhadores e trabalhadoras nos leva a somar forças, de modo mais imediato, pela manutenção de direitos, sem perder de vista a esperança de uma alternativa a esse modo destrutivo de sociabilidade; ou para resgatar mais um principio ético-político da profissão: a sua vinculação ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem nenhuma forma de exploração e opressão. E por termos a certeza de que, nessa luta, não nos renderemos, não acumularemos tamanhas perdas sem resistência, possamos interessar vitória com luta, esperança e poesia, gritaremos e cantamos: Nada a temer, senão o correr da luta/ Nada a fazer, senão esquecer o medo/ Abrir o peito à força, numa procura/ Fugir às armadilhas da mata escura, Milton Nascimento.” – Kassandra Menezes (Cress/PB)

 

Após o debate e as falas dos participantes da mesa, aconteceu o lançamento dos livros “O programa de transferência de renda Bolsa Família: a face do consenso”, de Maria de Fátima Leite Gomes, e “Movimento de reconceituação: história, memória e impactos nas políticas públicas”, de Elizabeth Alcoforado e Sandra Simone Moraes. O lançamento encerrou o evento em João Pessoa, e as/os participantes foram convidadas/os a um coffee break, celebrando o Dia do/a Assistente Social, data tão importante para a categoria e para o Cress/PB.

IMG_0481 (800x600)
Fátima Leite, apresentando o seu novo livro “O programa de transferência de renda Bolsa Família: a face do consenso”.

Elizabeth Alcoforado, lançando o seu livro "Movimento de reconceituação: história, memória e impactos nas políticas públicas".
Elizabeth Alcoforado, lançando o seu livro “Movimento de reconceituação: história, memória e impactos nas políticas públicas”.

IMG_0454 (800x600)
Exposição de quadros do artista Edimilson Cantalice.

Veja mais imagens em: https://goo.gl/mA8ac6

 

 

Mariana Costa – JP/PB 3569

Assessoria de Comunicação 

 Conselho Regional de Serviço Social da Paraíba – CRESS/PB

E-mail: assessoriacresspb@gmail.com