Um monitoramento realizado com 37.423 pessoas atendidas em 124 serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), pela Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Coordenação de Saúde Mental com a colaboração da Residência Multiprofissional em Saúde Mental, da UFPB, revelou, entre outras coisas, o perfil dos usuários dos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS I, II e III, sendo a maioria formada por mulheres, negras e desempregadas.

O monitoramento tem por objetivo auxiliar a Rede na garantia e defesa das políticas públicas conquistadas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira. “A apresentação dos dados e sua análise é uma reivindicação em âmbito nacional, estadual e municipal, para que haja prioridade nos investimentos para ampliação e manutenção da RAPS”, disse a coordenadora estadual de Saúde Mental da SES, Iaciara Mendes.

Durante a coleta de dados, foi observado o uso de substâncias psicotrópicas pelos usuários dos serviços. Do total de 37.423 de pessoas atendidas na RAPS, foram registradas 17.059 (45,58%) que usavam drogas lícitas ou ilícitas. As mais usadas foram tabaco, maconha e álcool. Juntas, somaram 79% da população, sendo o álcool a droga mais usada no período. As demais drogas, a exemplo de crack, cocaína, e inalantes, representaram 21%.

Outro dado é que os usuários do CAPS eram, majoritariamente, de baixa escolaridade, sendo 36% com ensino fundamental incompleto (13.527) e 18% eram analfabetos (6.810), podendo ser este um dos fatores de baixa adesão dessa população a trabalhos formais, que eram apenas 8%.

“Estes dados demonstram como as determinantes sociais precisam ser levadas em consideração quando analisamos o sofrimento psíquico de determinada população”, disse Iaciara.

Quanto à faixa etária, a predominância nos CAPS I é de 31 a 40 anos (22,79%); nos CAPS II e III mais usuários de 41 a 50 anos (27,85% e 25,62%, respectivamente), enquanto que nos CAPS AD/AD III, a maior quantidade de pessoas tinha entre 18 e 30 anos (30,48%). Já no CAPS Infanto-juvenil, a idade que mais predominou foi entre 11 e 14 anos (32,06%).

Para o psicólogo da Coordenação de Saúde Mental e responsável técnico da SES pelo relatório, Lucílvio Silva, a apresentação dos dados confirma que a Paraíba acredita e continua investindo no modelo de atenção e cuidado em Saúde Mental com foco na história, no respeito e participação de cada usuário na RAPS.

“Tornar acessível o panorama desta Rede nos revela que caminhamos bastante rumo a um tratamento humanizado e digno, mas que temos muito a avançar diante dos desafios da promoção do bem estar biológico, psíquico e social de cada sujeito que cuidamos”, enfatizou.

Rede tem, atualmente, 68 CAPS I (serviço para 15 mil habitantes); nove CAPS II (70 mil habitantes); 05 CAPS III 24 horas (150 mil); seis CAPS AD para 70 mil habitantes; 09 CAPS AD III 24h (150 mil); 12 CAPS Infantojuvenis (70 mil); 14 Residências Terapêuticas; cinco Consultórios na Rua; quatro Unidadede Acolhimento; 20 leitos de Saúde Mental em Hospital Geral e 65 beneficiários do Programa de Volta Pra Casa (PVC).

Dos 110 CAPS do estado, apenas um é de responsabilidade da SES, localizado em João Pessoa. Os outros são gerenciados pelos próprios municípios.

Acesse o documento completo: RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DOS SERVIÇOS DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) DA PARAÍBA EM 2018.2

Fonte: Governo do Estado da Paraíba

Serviço Social e Política da Saúde Mental do Conjunto CFESS-CRESS

A luta antimanicomial é parte da agenda política do Conjunto CFESS-CRESS e tem como bandeira a denúncia das violações de direitos humanos nos manicômios e hospitais psiquiátricos do país. Confira materiais produzidos pelo conjunto e fique por dentro da pautas de luta da categoria:

Cartilha: Direito à Saúde Mental

Nota Técnica: AS IMPLICAÇÕES DAS ALTERAÇÕES NA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DE ASSISTENTES SOCIAIS NO BRASIL

CFESS Manifesta: Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Mariana Costa – JP/PB 3569

Assessoria de Comunicação

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