Quarta-feira, 13 de julho de 2016, aproximadamente às 15h, em uma rua da cidade de Sousa/PB, homens em uma moto perseguiram e ameaçaram de estupro uma estudante secundarista e militante do Levante Popular da Juventude da Paraíba. Com gritos de “feminista imunda”, os homens alcançaram a companheira quando ela saía de seu trabalho para casa da avó. Eles jogaram a moto em cima de seu corpo e derrubaram-lhe no chão. Os violentadores reafirmavam que a militante deveria ser estuprada e ameaçaram descer da motocicleta para fazê-lo, momento em que ela correu, conseguindo se livrar de maiores danos físicos, mas os danos psicológicos permanecerão.
O ato de estuprar uma mulher consiste em submetê-la forçosamente,  ou seja, sem o seu consentimento, através de violência ou grave ameaça, a praticar relação sexual ou qualquer ato tido como libidinoso. No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. Só em 2014, ocorreram entre 136 mil e 476 mil casos de estupros, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.  Tais índices apontam para uma cultura do estupro, que reforça tal violência e faz com que a sociedade releve o crime, ao promover a culpabilização das mulheres vítimas, apontando elementos para justificar o comportamento do estuprador, como a roupa da mulher, seu comportamento, bebida, horário, companhias etc. Por sua vez, outro traço marcante da cultura do estupro é a noção de que os estupradores são homens loucos e com incontrolável desejo sexual. Proceder dessa forma é normalizar o comportamento sexual violento dos homens. A falta de controle da sexualidade masculina nada mais é que um mito social, que é perpetuado pela ordem patriarcal de gênero, tendo em vista que, se fosse algo incontrolável, os seres humanos teriam relações sexuais nos bares, restaurantes, lojas ou qualquer outro espaço. Trata-se, portanto, de algo social, não biológico.
No contexto da nossa sociedade patriarcal, a violência do estupro é ato de expressão do poder masculino que avança sobre os corpos das mulheres, neles exercendo um controle de vida e morte. Dessa forma, ao ameaçar estuprar a militante do Levante Popular da Juventude, tais violentadores desejavam mandar uma mensagem de ódio a todas feministas, ao passo que tentavam nos amedrontar e afugentar de nossas lutas contra o machismo. A ameaça de estupro, junto aos gritos de “feminista imunda”, demonstram o pensamento violento desses homens, que enxergam as mulheres como parte de seu domínio, seu território, “cujo corpo é considerado parte de suas posses e seus objetos, podendo dele dispor ao seu gosto”. Atos como esse encontram, cada vez mais, espaço em nosso país, que já ocupa a 5ª posição no ranking internacional de maiores índices de homicídios femininos, de acordo com o Mapa da Violência/2015.

Adesivo Homofobia
Diante de uma conjuntura política de golpe, o qual tem caráter patriarcal, machista, sexista, à medida que retira ilegitimamente da Presidência da República a primeira mulher eleita e reeleita com mais de 54 milhões de votos, nós assistimos ao avanço do conservadorismo, com ideologias fascistas, de ultra-direita, machistas, racistas e LGBTfóbicas sendo defendidas descaradamente em todos os espaços, com o respaldo do Congresso Nacional e do Poder Judiciário, ao permitirem que homens como Jair Bolsonaro, Eduardo Cunha, Marco Feliciano e tantos outros continuem com seus mandatos, enquanto afrontam os direitos humanos tutelados pela Constituição Federal.  O ataque à companheira é direcionado a todas nós mulheres, atinge todas nós. Mas, em nome da nossa militante e da luta das mulheres pelo fim da violência junto a ela, resistiremos! Diante da ofensiva conservadora fascista, resistiremos! Diante da criminalização dos movimentos sociais, resistiremos! Diante da cultura do estupro e do PL 5069, resistiremos! Contra a violência doméstica e o feminicídio, resistiremos! Nossas denúncias sobre as violências que atingem as mulheres negras, bissexuais, lésbicas, transgênero, indígenas e quilombolas, do campo e da cidade, não serão silenciadas!
Por meio dessa nota de repúdio, viemos fortalecer o direito à vida das mulheres e reafirmamos que nossas bandeiras continuarão sendo erguidas no combate à qualquer forma de opressão. Temos certeza que é apenas através da formação, organização e unidade dos movimentos sociais e organizações populares que conseguiremos barrar, com muita força e coragem, o retrocesso nos direitos das mulheres, negros/as, população  LGBT e de toda classe trabalhadora que está em andamento.  Na Paraíba, do Litoral ao Sertão – e em todo o país – seguiremos em luta, até que todas sejamos livres!
Setor de Mulheres do Levante Popular da Juventude!
Levante Popular da Juventude.

ASSINAM A NOTA:
Levante Popular da Juventude;
Setor de Negras e Negros do Levante;
Marcha Mundial das Mulheres – Núcleo Fátima Cartaxo;
Marcha Mundial das Mulheres – Núcleo de Patos;
Frente Brasil Popular;
Consulta Popular;
Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares;
Coletivo Cultucar;
Coletivo Espinho Branco;
Coletivo Cultural Maria Fumaça;
Coletivo de Relação de Gênero do SINTEP;
Centro de Defesa da Mulher Marcia Barbosa;
ADUC – Associação dos Docentes Universitários de Cajazeiras;
CAGEO – Centro Acadêmico de Geografia (CFP/UFCG)
CRESS/PB-Conselho Regional de Serviço Social da Paraíba-13 região.

 

 

 

Mariana Costa – JP/PB 3569

Assessoria de Comunicação 

 Conselho Regional de Serviço Social da Paraíba – CRESS/PB

E-mail: assessoriacresspb@gmail.com