A Parada Internacional das Mulheres aconteceu em várias cidades do Brasil e em mais de 38 países. No Dia Internacional da Mulher – 08 de março -, milhares de mulheres pararam para reivindicar seus direitos ao redor do mundo. Em João Pessoa, a Parada aconteceu no Ponto de Cem Réis, às 7h, reunindo cerca de 3 mil pessoas (de acordo com informações dos organizadores), que fizeram uma marcha pelo centro da capital.

Com cartazes, bandeiras, paródias e gritos de guerra, várias entidades e movimentos sociais se uniram para participar do movimento. A pauta das reivindicações era contra a Reforma da Previdência e Trabalhista do governo de Michel Temer; contra a impunidade dos crimes contra as mulheres; a favor da descriminalização da mulher que aborta; pelo fim do racismo e extermínio da juventude negra; pela visibilidade das mulheres indígenas, quilombolas, de comunidades tradicionais e as sem-terra; pelo fim do preconceito contra mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais; por uma sociedade inclusiva e acessível para todas as pessoas com deficiência.

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Parada Internacional das Mulheres aconteceu em João Pessoa, no Ponto de Cem Réis.

Banda do Levante da Juventude à frente do trio elétrico.
Banda do Levante da Juventude à frente do trio elétrico.

A Parada contou com a participação de jovens, mulheres trabalhadoras, crianças, homens e pessoas ligadas a organizações sociais que lutam por direitos sociais e trabalhistas. Conversamos com algumas delas para destacar a importância da participação e mobilização das mulheres paraibanas em um momento sócio-político desafiador como o que vivemos.

Camila Ramalho - Levante Popular da Juventude.
Camilla Ramalho – Levante Popular da Juventude.

“[Nossa manifestação] não é só pela Parada Internacional, é pela a conjuntura atual política do Brasil, principalmente com a Reforma da Previdência, que não vai só atingir as mulheres que estão perto de se aposentar, mas todas mulheres jovens que vão ter que trabalhar mais cedo, além de cumprir uma tripla jornada de trabalho. É importante a gente se manifestar, mostrando nossa indignação. E quanto mais mulher na rua, mais fica óbvio para os políticos e para a sociedade o quanto isso pode afetar a todos.” – Camila Ramalho (Levante Popular da Juventude)

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Terlúcia Silva, Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba.

“A gente fez uma construção desse ato com quase 70 organizações, grupos e movimentos sociais. Essa construção foi importante, pois afirma todo o nosso desejo de luta contra essa onda conservadora que está se estabelecendo no mundo. Nós estamos em manada com mulheres de mais de 40 países com a Parada Internacional. Esse 8 de março é um divisor de águas, um marco importante de afirmação da luta das mulheres, sobretudo porque conseguimos falar das mulheres para além de um sujeito uniforme. Podemos falar das mulheres negras, indígenas, com necessidades especiais, do campo e da cidade. A gente consegue hoje ter o sentido de que são MULHERES que estão na luta. Estamos na luta contra a Reforma da Previdência, a violência contra a mulher, o preconceito e a desigualdade. São pautas históricas e que estão muito mais ameaçadas porque não sabemos o que vem por aí. E gritamos ‘Fora Temer’, e isso é muito simbólico, pois é contra esse conjunto de políticos que estão comandando o país e estão trazendo tantos retrocessos.” – Terlúcia Silva (Bamidelê)

Maria Heloísa, estudante da UFPB e representante do Movimento de Mulheres Olga Benário

“Estamos aqui para dizer ‘não’a essa Reforma da Previdência e aos retrocessos que estão acontecendo. As mulheres, que são mais de 50% da população brasileira, serão as primeiras a serem prejudicadas. Várias entidades sociais e feministas se organizaram aqui em João Pessoa hoje, e estamos na rua para fazer essa Parada com a nossa palavra de ordem: ‘Se eles podem viver sem nós, então produzam sem nós’.” – Maria Heloísa (Movimento das Mulheres Olga Benário)

Josy Alves (à direita) e colegas representantes da Rede Paraibana de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (Mulheres de Axé)

“Estamos reunidas para dizer que queremos nossos direitos respeitados. Somos contra a Reforma da Previdência Social, somos contra a intolerância religiosa. Enquanto Mulheres de Axé, queremos, sim, ser respeitadas. A religião de matriz africana é muito vasta e cultua as divindades junto à natureza, e as pessoas precisam respeitar. As casas estão sempre de portas abertas para receber qualquer membro da sociedade.” – Josy Alves (Mulheres de Axé)

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Maria Iasmin, 17 anos, representante do Movimento Mulheres Livres de Santa Rita

“Eu vim defender nossa luta contra o racismo e contra a violência doméstica contra a mulher. Ainda existe a cultura de silenciamento e de naturalização dessa violência. Em nossa cidade [Santa Rita], ainda existem muitos casos de violência doméstica e também de mulheres em situação de rua, e estamos aqui hoje para lutar contra essa situação”. – Maria Iasmin (Mulheres Livres de Santa Rita)

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Por volta das 10h, elas seguiram em marcha pelo centro da cidade, parando em frente à sede da Previdência Social, reivindicando a Reforma da Previdência, que, sendo aprovada, a idade mínima para se aposentar será de 65 anos para mulheres e homens. Para se aposentar com o salário integral, será preciso contribuir por 49 anos. Grupos ligados a movimentos sociais entraram na Previdência, com cartazes e gritos de guerra, reivindicando a proposta do governo atual. A Parada seguiu até chegar à Praça dos Três poderes, onde aconteceram vários atos políticos e culturais, dando continuidade à manifestação durante todo o dia.

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O Cress/PB participou ativamente da construção da Parada Internacional das Mulheres em João Pessoa, contando com a participação de membros da diretoria e funcionários. O Conselho Regional de Serviço Social da Paraíba defende os direitos sociais das mulheres, sem nenhum direito a menos, a favor do respeito, da igualdade e contra todas as formas de exploração e opressão.

 

Mariana Costa – JP/PB 3569

Assessoria de Comunicação 

 Conselho Regional de Serviço Social da Paraíba – CRESS/PB

E-mail: assessoriacresspb@gmail.com