Uma data para destacar essa categoria profissional que trabalha cotidianamente em defesa dos direitos sociais e pela melhoria das condições de vida da população brasileira.

Em uma conjuntura de aprofundamento da desigualdade social, em que direitos sociais estão sendo ameaçados e retirados por meio de uma orientação neoliberal para as políticas públicas, como cortes na educação e a proposta de ‘reforma’ da Previdência, o Conjunto CFESS-CRESS celebra o 15 de maio reafirmando o compromisso da categoria na defesa dos direitos sociais e denunciando: Se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro.

Este ano, o tema escolhido para celebrar o Dia do/a Assistente Social na Paraíba foi Regressão de Direitos tem Classe e Cor: Assistentes Sociais no Combate ao Racismo. Em João Pessoa, o evento aconteceu no Teatro Paulo Pontes (Espaço Cultural), e contou com quase 1.000 pessoas, entre profissionais de Serviço Social, representantes de vários segmentos da classe trabalhadora e estudantes.

O evento teve início com a apresentação do Grupo Imburana. Criado em outubro de 2006, na Universidade Federal da Paraíba sob orientação e coordenação do Prof. Dr. Marcello Bulhões, partiu das experiências e demandas dos alunos da Disciplina Danças Populares Brasileiras ministrada por este professor, para na atualidade, afirmar-se  como grupo atuante no cenário da cultura popular paraibana.

A mesa de abertura foi coordenada pela presidenta do CRESS/PB, Kassandra Menezes, e  contou com a presença de Ademir Júnior, Coordenador de Estágio da Faculdade Maurício de Nassau; Luciana Batista, professora da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB); Fátima Leite, Departamento de Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba (DSS/UFPB); Patrícia Martins; Maria da Graça dos Santos, Sindicato das Trabalhadoras Domésticas; Dandara Chagas, Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso); e Fátima Solange Cavalcanti, ativista e tia de Marielle Franco.

Todos os participantes da mesa tiveram seu momento de fala, e o chamado para a luta e resistência, em tempos tão sombrios, foram predominantes. Em um momento marcante da noite, Fátima Solange relembrou os esforços e a luta cotidiana de Marielle Franco, conclamando todas/os as/os presentes para a resistência contra o racismo e retirada de direitos da população preta e pobre.

Mesa de abertura (da esq. para dir.): Ademir Jr.; Luciana Batista; Fátima Leite; Patrícia Martins; Kassandra Menezes; Maria das Graças; Fátima Solange.

Regressão de Direitos tem Classe e Cor: Assistentes Sociais no Combate ao Racismo

A mesa principal foi mediada pela vice-presidenta do CRESS/PB, Luciana Cantalice, e estiveram presentes as palestrantes Elaine Rossetti Behring, Prof. Dra. em Serviço Social, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); e Andrezza Ribeiro, assistente social e representante da Secretaria de Desenvolvimento Humano da Paraíba (SEDH/PB) e da Secretaria de Desenvolvimento Social de João Pessoa (Sedes/JP).

Elaine Behring iniciou sua fala fazendo um levantamento de dados importantes sobre a desvalorização da vida negra no país e relembrou falas racistas do atual presidente. Segundo ela, o racismo se erigiu dentro do poder político no Brasil, inclusive em um governo que fala claramente que é contra políticas de cotas raciais e de inserção de populações excluídas à educação.

“A gente já tem majoritariamente uma população preta e pobre no Brasil. A própria categoria é preta e está empobrecida, em função das políticas perversas de desfinanciamento das políticas públicas. A gente tem que mobilizar todas as energias, como categorias de trabalhadores, para resistir a esses ataques e avançar na conquista de novos e mais amplos direitos.” – Elaine Behring

Andrezza Ribeiro seguiu na palestra, destacando o massacre à população negra e pobre do país, que é a mais afetada diante dos cortes de verbas e incentivo à saúde, educação e bem-estar da população em geral. Segundo ela, a temática do evento é de grande importância, agora mais do que nunca, pois a mulher preta e pobre está na mira do atual governo. Andrezza afirma que “na sua transversalidade, as políticas públicas tiveram uma queda em toda a população que é minoria apenas na teoria, pois são a maioria no país”.

“Precisamos internalizar o nosso papel político dentro da profissão e assumir essa função enquanto categoria. É preciso alinhar-se ao Código de Ética da profissão, alinhar-se à defesa intransigente dos direitos humanos.  Precisamos fazer um processo de autorreflexão, para que a gente possa ir se reciclando e se fortalecendo nessa perspectiva crítica.” – Andrezza Ribeiro

Mesa principal (da esq. para dir.): Luciana Cantalice, Elaine Behring e Andrezza Ribeiro.

Espaço Kids

Para garantir a efetiva participação de todas as profissionais e mães, o CRESS/PB trouxe um espaço especial para que fosse possível que as participantes levassem crianças de 3 a 10 anos. Renata Patrícia foi a responsável pela recreação das crianças, que fizeram roda de ciranda, desenho, brincadeiras e uma conversa sobre racismo e a representatividade dos negros na escola e nos espaços em que elas estão inseridas.

Zelândia Marques, assistente social presente no evento, afirmou que essa atitude do CRESS/PB é de extrema sensibilidade com todas as profissionais, pois garante a efetiva participação de todas. “Eu fico muito agradecida pelo CRESS ter disponibilizado esse espaço e espero que seja uma atividade contínua em eventos futuros como esse”, finalizou.

 

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Mariana Costa – JP/PB 3569

Assessoria de Comunicação

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